A Desigualdade Analisada No Brasil


Conforme a cientista social brasileira Márcia Anita Sprandel, em seu livro, "A Pobreza No Paraíso Tropical" a primeira tentativa de explicar a pobreza no Brasil, a partir do final do século XIX, consistiu em relacioná-lá à influência do clima e à riqueza das matas e do solo. Afirmava-se que o brasileiro era preguiçoso , indolente, supersticioso e ignorante porque tudo lhe dava: frutos, plantas, solo fértil, etc. Era tão fácil obter ou produzir qualquer coisa que não havia necessidade de trabalhar. Uma segunda explicação estava vinculada à questão racial e à mestiçagem. Vários autores, como Nina Rodrigues, Euclides da Cunha, Silvio Romero e Capistrano de Abreu, foram críticos ferrenhos da mestiçagem e consideravam que os mestiços demonstravam a "degeneração e falência da nação" ou que eram "decaídos", sem a energia física dos ascendentes selvagens, sem a altitudes intelectual dos ancestrais superiores". Entretanto, dois outros autores daquela época faziam análise diversas: Joaquim Nabuco e Manoel Bonfim. Nabuco afirmava que , gracas à raça negra, havia surgido um povo no Brasil, mas que a escravidão e o latifúndio geravam verdadeiras "colônias penais" no interior, pois os latifundiários geravam verdadeiras "colônias penais" no interior, pois os latifundiários eram refratários ao progresso e apenas permitiam que os mestiços vivessem como agregados e seus dependentes , miséria e ignorância. Bonfim, por sua vez, via sertão nordestino como uma "terra de heróis". Dizia que as populações do interior tinham muita força, cordialidade e uma capacidade de atuar coletivamente, seja por meio de técnicas coletivas de trabalho, seja pelo uso comum de suas posses. Esses dois autores constituem exceções . Como Lilian Schwarcz, cientista social brasileira, destaca em seu livro "O Espetáculo Das Raças", no período de 1870 a 1930, a maioria dos cientistas , políticos , juristas e intelectuais desenvolveram teorias racistas e deterministas para explicar os destinos da nação brasileira. A pobreza seria sempre um dos elementos essenciais dessa explicação r uma decorrência da escravidão ou da mestiçagem. As chamadas "classes baixas" constituíam-se de pessoas que normalmente , nas cidades, eram consideradas perigosas e, no interior, apáticas, doentes e tristes.