Do início do século até a Primeira Guerra Mundial, a Europa vive a chamada "Belle Époque" : época de grande euforia pelo progresso, pela velocidade , pelos comodismos provenientes da Era da Máquina. As invenções proporcionadas pela ciência e pela técnica - o automóvel, o cinematógrafo , as máquinas voadoras - deflagram um progresso material espantoso . Beneficiária desse progresso , a burguesia cria um verdadeiro culto do conforto e do bem viver, valorizando a velocidade , o consumo , as diversões ao ar livre etc. A euforia burguesa , entretanto, seria interrompida pela eclosão das duas grandes guerras mundiais (1914-1918 e 1939-1945) , cujas consequências fariam germinar sentimentos completamente opostos , como a desilusão, a perplexidade , o trauma. A falência de ideais decorrente do sofrimento humano provocado pelas guerras, com suas mutilações e perdas irremediáveis , caracteriza o período histórico-cultural posterior à "Belle Époque" tornando extremamente complexa a história da primeira metade do século XX. No universo científico-filosófico, grandes pensadores aprofundam as indagações sobre o homem e o mundo , o que desestabiliza o cientificismo racionalista predominante na segunda metade do século XIX. Desvendando o inconsciente humano em suas motivações mais profundas , Sigmund Freud , o fundador da psicanálise , explora dimensões da psique até então desconhecidas. Henry Bergson, o filósofo francês criador do intuicionismo, revoluciona o conhecimento , nele destacando o poder da intuição. O filósofo alemão Friedrich Nietzsche proclama a morte do Deus soberano e absoluto , em cuja crença se assentava um dos alicerces do universo mental de toda a história da cultura do Ocidente. Com esses e outros inspiradores de um novo tempo, a razão burguesa e todas as certezas nela decorrentes entram em colapso , transformam-se em impasses que perduram até os nossos dias.