A televisão é , no Brasil, o meio de comunicação com presença mais marcante , sendo o principal veículo de difusão cultural e de informação. Apesar de o rádio ter maior abrangência , principalmente por causa do baixo custo e do pequeno porte dos aparelhos , a televisão atinge quase a totalidade do território nacional. Os produtos que ela desenvolve de alguma forma definem o que é importante e o que não é , ou seja, o gosto , a sexualidade , a opção política, o desejo de consumo e outros sentimentos são promovidos prioritariamente pela televisão comercial. A influência da televisão pode ser facilmente constatada nas conversas do dia a dia , nas quais se observa a frequente adoção de gírias , expressões e gracejos criada por personagens dos programas de maior audiência. Quem não ouviu, por exemplo, a expressão "hare baba" , quando fazia sucesso a novela Caminho das Índias , da Rede Globo , que mostrava o cotidiano e a cultura hindus? Essa influência é bastante preocupante , pois existem graves problemas relacionados à informação e à formação de opinião. Há , por exemplo, programas de crônica urbana e policial nos quais julgamentos são feitos sem nenhuma possibilidade de revisão. Alguns deles apresentam e analisam (sem pesquisar) os fatos , e normalmente formulam um veredicto para os casos policiais , ou seja, fazem julgamento precipitado e muitas vezes errado. Outros reconstituem casos policiais (assassinatos, normalmente) não resolvidos. Os produtores desse tipo de programa fazem um trabalho de detetives e , por meio de delações, conseguem "resolver" casos considerados impossíveis. Não se sabe se resolvem de fato ou não; só chega ao conhecimento do telespectador o que o programa afirma que aconteceu. E o jornalismo? Os programas desse gênero pouco informam, já que as notícias precisam ser rápidas e, quase sempre , variadas : um terremoto na China , uma festa no Haiti, um campeonato esportivo na Espanha, uma situação inusitada na Venezuela , um ato governamental no Brasil. Situações completamente diferentes aparecem com a mesma importância e como se estivessem acontecendo no mesmo momento e num mesmo lugar, deslocando-se a historicidade dos fatos para um mundo e sequência que não existem. Os programas de domingo , para comentar um último exemplo, são de qualidade tão deplorável que só reforçam a ideia de Theodor Adorno de que o entretenimento é utilizado para anestesiar a capacidade das pessoas de pensar e refletir sobre a vida e as condições reais de existência.